segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Os bichinhos que nos lixavam a vida


Naquele mundo que era uma espécie de National Geographic ao vivo, como já escrevi duas vezes e não me canso de pensar, havia um certo tipo de bicharadazinha de pequena dimensão, uns seres pequeninos que eram particularmente «chatos»:
* antes de mais, os mosquitos cuja picada dava origem ao paludismo. O Dr. Miguel, o Curto e outros podem falar disso melhor do que eu. Mas eu tive paludismo. Sei o que isso dava de desgaste e de desânimo;
* depois, as baratas: aos milhões - por todo o lado onde houvesse víveres;
* e ainda as formigas. Muitas. Em filas compactas que davam a volta às casas e só havia uma forma de evitar que entrassem e roessem tudo: rodear a casa de... sal, imaginem;
* mas não só: as osgas frias, moles, langanhosas, que se encostavam descaradamente à perna do pessoal quando se estava a dormir a sesta na tarde quente de inferno... mesmo com a ventoinha apontada à pele... quando davas por ela e lhe mexias, que sensação horrível.
Tudo isto, escrito agora, 34 ou 35 anos depois, parece incrivelmente angustiante. Mas hoje olho para trás e recordo aquela bicharada com muita ternura (não por eles, os bichinhos, claro, que não os conheço de lado nenhum, mas por causa do asco que naqueles meus vinte e poucos anos eu achava que era o pior que havia no mundo... e afinal tinha tanta coisa pior para ver e sofrer... e os bichinhos até sem culpa nenhuma: nós é que nos fomos intrometer - melhor, «fomos intrometidos» - lá no seu «habitat» natural).

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